1º parte introdução
Existem pequenas coisas de que eu sinto
falta na infância. Lembro de quando eu e mamãe íamos patinar na
pequena pista de patinação improvisada ao leste de Boston. Era
quase primavera e a neve das ruas já já tinha derretido, exceto a
da pista de gelo. Achava isso fascinante. Também tinha o zoológico
que ficava ao leste da cidade, que infelizmente, foi demolido há
alguns anos atrás para dar lugar à um hospital. Enfim, muita coisa
mudou desde quando eu cresci, e as mudanças são totalmente
notáveis. O pequeno lago artificial no centro da cidade foi aterrado
por quilos e quilos de areia, e agora, virou um parquinho para
crianças. Eu costumava ver quando os caminhões de areia passavam para aterrar o que antes era o
lago, onde eu costumava fazer pique-nique ao redor com a minha classe
do jardim de infância.
Eu sou Mariah Eaton e moro em Detroit,
a maior cidade do estado de Michigan. É novembro e lá fora
a neve prevalece. O céu está azul anil. Um homem tirava a neve do estacionamento. Um cachorro latia.
“Mariah?” disse o professor de
história. Era a última aula do dia, e eu não tirava o olhos dos
ponteiros do relógio, que de propósito, insistiam em ir em câmera
lenta.
Num pulo, eu saí da minha posição
mais do que confortável, e deixei minha coluna ereta olhando
assustada para os olhos e bocas que se movimentavam frenéticamente
ao meu redor. Estavam rindo. De mim?
“Mariah, quantas vezes quer que eu
repita?” o professor chamava-se Leonel Beck, e os óculos
boca-de-garrafa era o que mais chamava atenção no seu rosto pálido
e fino.
“Repetir o que?”
Mais risos e olhares me cercando. Olhei
para o professor, e vi a sua expressão um tanto quanto irritada e
indignada. Ele parecia muito sério, e com mr. Beck, todos sabem que
não se brinca.
“Leia o sexto parágrafo da página
cento e oitenta e dois, por gentileza.” ele falou gentil e
pacientemente olhando para mim por cima dos seus óculos anos
sessenta. Estávamos estudando sobre um aventureiro que navegou o
mundo e trouxe inúmeros conhecimentos para a nação, e bla bla bla.
Para que quero aprender a história de um navegador, se quando sair
da escola, serei advogada? É esse tipo de coisa que me intriga
profundamente em relação à escola e aos estudos. Tanto pra nada.
O sinal tocou e todos recolheram seus
cadernos e livros e saíram da sala de aula, exceto eu.
“Mariah, você fica.”
Revirei os olhos numa tentativa
desesperançosa de sinalizar que não estava afim de ouvir mais
nenhum sermão.
“Reparei que você esteve um pouco
mais desperça nas aulas. Tem algo acontecendo que eu precise saber?”
disse o professor com um olhar de preocupação, franzindo as
sobrancelhas, o que acentuava as rugas na testa. “Algo que esteja
te encomodando ou tirando sua atenção? Algo em casa, por exemplo.”
Silêncio.
“Quer dizer, você não precisa me
contar, mas só acho que é bom ter alguém com quem você possa
conversar. E eu estou aqui.”
“Eu estou bem. Não tem nada de
errado lá em casa.” eu não sei o por que de quando algo de errado
acontece na escola, tudo indica que tem algum problema em casa ou
algo que está encomodando. A aula chata dele já é o suficiente
para que eu fique desperça e seguindo os ponteiros do relógio com
os meus olhos.
“Tudo bem. Não vou te forçar a
dizer nada.” se falta algo nos professores, esse algo é a
confiança. “Lembre-se do trabalho para segunda-feira! Vale ponto.”
Coloquei minha mochila nas costas e saí
da porta xingando-o mentalmente. Mas na verdade, algo estava tirando
minha atenção mesmo. Os meus pensamentos distantes sobre o passado,
a minha infância. O quanto tudo era bom e calmo.
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