6.9.12

Meu livro; Capitulo 1 parte 2

1 - continuação
Estava com meu laptop no colo enquanto escrevia o trabalho de história sobre a antiga tribo de índios americana. Eu precisava desesperadamente dos dois pontos do trabalho, pois me dei mau no último teste que tivemos.
Olhei para o canto direito da tela onde mostrava as horas. Eram cinco pras sete, e estranhei o fato de ninguém ter chegado em casa à essa hora. Mamãe já devia ter chegado da reunião de pais com as crianças, afinal não deveria levar muito tempo as dedurações sobre o mal comportamento de Drake e o desleixamento de Jared.
Há alguns anos atrás eu fiquei na paranóia de ter sido adotada. Eu perguntava sempre pelos meus pais biológicos, até o dia que mamãe se cansou e começou a chorar na minha frente. Desde então, eu parei com as perguntas. Mas o motivo das perguntas era que eu sou completamente diferente dos meus irmãos. Não tenho nenhuma semelhança com nenhum deles, nem fisicamente, e muito menos psicologicamente. Ter sido adotada era a explicação mais lógica naquela época.
Calcei minhas pantufas e desci as escadas cuidadosamente, os biscoitos mergulhados no leite não conseguiram me manter cheia por muito tempo. O primeiro andar parecia mais silencioso que antes, e então fui checar o quarto dos meninos. Quem sabe eles chegaram e a música alta do meu quarto me empediu de escutá-los.
Não, eles ainda estavam fora. Comecei a ficar preocupada com a demora, mas optei pelo meu lado mais conciente e otimista. Uma foto mental do bilhete deixado por mamãe apareceu na minha cabeça, e lembrei que logo após a reunião eles iriam ao boliche. Fiquei mais tranquila.
Desci a escadaria com a mão deslizando em todo o corrimão e pulei os dois últimos degraus, colidindo os pés com o chão.
Na pequena estante da sala, podia ver uma luz vermelha piscante. Duas ligações não atendidas mostrava o visor do telefone. Apertei no primeiro botão à direita.
Sem mensagens.
Ótimo. Duas pessoas ligaram e não deixaram recado se identificando, quem poderia ser? Se fosse mamãe, teria deixado um recado de mais ou menos um minuto se esclarecendo e perguntando se tudo estava bem. Sara teria ligado para o meu celular ao invés do fixo.
Um barulho vindo de não muito longe me intrigou. Era a minha barriga, e sim, eu estava com fome. Fui para a geladeira com a foto mental do bilhete escrito por mamãe na cabeça, e lembrei da parte da comida que só precisva ser esquentada. Eu deveria esperar eles chegarem, mas a minha barriga falou mais alto, literalmente.
Peguei a pequena vasilha redonda com uma tampa verde e examinei mais de perto. Parecia lasanha. Coloquei a vasilha dentro do microondas e apertei em cinco minutos – o que devia ser o suficiente para esquentar um pequeno pedaço de lasanha.
Abri as gavetas procurando por um prato e talheres, enquanto cantava o refrão de uma música que fiquei na cabeça. Os cinco minutos do microondas pareciam uma eternidade. A cozinha minimalista da mamãe me deixava tonta – tudo muito branco, tudo muito reto.
O microondas parou e a lasanha estava pronta para ser servida, enquanto eu sentava na ponta da mesa desnecessária de oito lugares. Uma mesa tão grande para apenas cinco pessoas. Raramente recebíamos visitas aqui em casa. Vez ou outra, os pais dos coleguinhas do Drake vinham tomar um café, mas nunca passavam da sala de estar. Sara também visitava, mas ficávamos no quarto o tempo inteiro e no fim do dia, ela ia embora.
O barulho dos talheres no prato redondo ecoavam na cozinha e ressaltava o fato d'eu estar completamente sozinha em casa, numa noite fria de inverno. Já estava começando a sentir falta dos meninos batendo a porta de seus quartos e a Carlie chorando insatisfeita.
Chequei o grande relógio de ponteiros na parede da cozinha, enquanto lavava o prato e os talheres sujos. Ele marcava sete e quarenta. Com a minha idade, não achava mais necessário pedir permissão de pais para ir à uma festa, afinal mamãe confiava em mim – eu acho. Só deixaria um pequeno bilhete avisando para onde eu fui, com quem eu fui e quando mais ou menos chegarei.
Subi as escadas pronta para tomar um banho de banheira bem quente e merecido. Eu estava exausta por algum motivo, meus calcanhares estavam latejando e a cabeça também. Devia estar presentável para quando chegasse na festa. Sara iria ofuscar toda a minha dedicação de me arrumar, como de costume.
Liguei a água e pus uma mão cheia de sabão. Busquei meu celular no quarto e pus no silencioso em cima da bancada da pia. Só queria relaxar. Eram quase oito horas e eu não pretendia demorar muito dentro da banheira espumante. Só estava afim de relaxar naquele momento.

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