5.9.12

Meu livro; Capitulo 1 parte 1

1

Era uma típica tarde de inverno em Detroit, e eu não hexitaria em dizer que lá fora fazia uns dez graus negativos.
“Mãe, cheguei!” gritei dos degraus assim que bati a porta em um bum que provavelmente teria acordado quem estava dormindo.
“Droga” murmurei baixinho quando a alça da minha mochila enganchou-se no trinco da porta extensa de madeira. Aquela porta dava duas de mim.
Rua Valey, número centro e trinta e quatro. Minha casa. Quatro dormitórios, três banheiros, uma sala de jantar e outra de televisão, escritório da mamãe, cozinha, quintal e terraço. Uma típica casa dos moradores daquela rua.
Desci os degraus da hall examinando a casa com olhos atentos. Nenhum barulho de panelas no fogão, nenhuma criança esperneando no meio da sala e brigando pelo controle remoto da televisão. Tudo muito quieto.
“Alguém em casa?” perguntei sem obter nenhuma resposta, enquanto deixava a chave do meu carro sobre a bancada da cozinha.
Passei pela sala e subi as escadas para o primeiro andar. Os quartos estavam todos vazios, como se todos tivessem simplesmente a abandonado e me deixado aqui sozinha. Essa ideia me assustou.
Subi mais uma vez as escadas e fui para o sótão, que eu ainda não tinha citado. Bom, eu durmo lá. Sótãos costumam ter aquela imagem de lugar empoeirado, abrigador de ratos e aranhas e com cheiro de mofo. Mas é o meu quarto, que por sorte eu vi primeiro há dois anos atrás quando pomos o pé pela primeira vez, onde agora chamamos de lar. Jared implicou comigo o verão inteiro para trocarmos de quarto, mas não dei o braço à torcer. Nunca dava.
Abri a porta do sótão, e em cima da minha escrivaninha tinha um prato de porcelana com flores azuis desenhadas em volta, repleto de biscoitos de canela e um copo de leite ao lado. Peguei o prato e o copo e fui para cama, quando percebi que algo tinha caído. Havia um bilhete embaixo do prato com a caligrafia da mamãe:
Fui na reunião de pais dos meninos, e prometi à eles que iríamos ao boliche logo em seguida. Provavelmente não voltarei antes da janta, mas tem comida na geladeira, só basta esquentar.
Mamãe.
Ainda tinha uma leve camada de espuma nos cantos do copo, o que significava que ela não tinha saído há muito tempo. Provavelmente, às seis da tarde todos estariam de volta.
Tirei o jeans apertado e o tênis, me deixando o mais confortável possível e deitei na cama. Estiquei o braço em direção ao meu iPhone que estava no criado-mudo. Abri o ícone de músicas e pus no modo aleatório, aumentando o som no máximo. Era por isso que adorava ficar só em casa, e talvez por isso o motivo da minha mãe temer que eu ficasse sozinha aqui por muito tempo.
Desde criança, comia biscoitos mergulhados no leite. Simplesmente um vício de infância. Mergulhei um dos biscoitos no leite pela metade, e dirigi-o até a minha boca. Mastiguei mirando a rua da janela. Enquanto mastigava, percebi que um chocolate quente cairia melhor em relação ao frio que fazia do outro lado do vidro.
Tudo simplesmente tão calmo e calado. Os galhos nus das árvores se mexiam de acordo com a intensidade do vento, os jardins assimétricos da vizinhança cobertos por neve. Um cachorro latia. Silêncio.

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