14.10.12

Nostalgia 14#


E eu me lembro daquele final de tarde, naquele final de verão - e tão brevemente, o final da minha vida. Dirigíamos ao encontro do pôr-do-sol, e ao chegar ao nosso destino, já era tarde demais - literalmente. Cantávamos petrificados, murmurando sons de acordo com a canção, que tocava em ritmo com os nossos corações. Uma combinação única e mais ligeira que as cadentes do seus olhos - sim, as estrelas mais brilhantes do meu céu, do meu mundo. Olhávamos para a estrada, sem um desvio de olhar, sem um desvio ao falar. Era calmo e triste. Oh, me diga: por que tão sóbrio, já que tinha sua presença? Mas seria isso o suficiente? Tinha você a minha presença - tinha você a mim? Oh, impiedoso silêncio que ecoa mente à fora, que faz dessa minha cena - sentada no chão, escrevendo isso - tão mórbida e cruel.
Onde estamos agora? Não eu e você, mas eu e eu mesma. Estamos no segundo andar, no único motel de beira de estrada, no número cento e dez, no fim do mundo, no nosso fim. E repito, no fim d'eu e de mim mesma. Oh, tão cômico esse monólogo banal entre dois seres tão idênticos. Onde estamos agora? Estamos no começo do inverno, na beira de dezembro, no fundo do poço, cravada no infinito. Na morte.

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