7.11.12

Nostalgia 16#

Tumblr_m8zrogbqnv1qfnrx0o1_500_large
E pintamos em telas universos inexplorados, falsificamos a esperança e borramos a linha do tempo. Tudo por nada. Rascunhamos ligeiro, não presta, joga fora. Traçamos linhas paralelas, saem tortas, usa régua. Desenhamos estradas distantes, estado de mente desertos, silêncio infinito. Simbolizamos a paz, o descanso, o além além do além, o que não existe. Rubricamos nomes de pessoas, vazias, sem sentido nem cabimento. Sofremos por isso e por aquilo, por ele e por ela, por aqueles que não vieram e aqueles que se foram, pelo o que deixou de ter e pelo o que deixou de dar. Nos arrependemos e pintamos telas a base de morfina, anestesiando cada circunferência e curva da linha não-traçável das nossas vidas. Angulações tortas e abstratícias ao extremo. Uma bagunça, um algo que não pode ser nem ao menos definido, nem ao menos pronunciado. Dançamos na corda-bamba, para lá e para cá, se cair? Se cair caiu, ué. Imaginamos a morte, o fim de todos os vivos, o possível recomeço de todos os mortos. A assustadora verdade que simplesmente acaba se tornando mentiras censuradas em ouvidos de terceiros.
Criamos outros universos, universos únicos e levemente alterados por cada um de nós. E no final? No final somos só as mesmas quantidades de ossos, tendo como berço eterno o mesmo solo e tendo como memorial eterno as lembranças. Vivemos numa bola de cristal que ninguém pode ver ou prever, mas se tem algo que todos nós podemos traduzir nesses dialetos indiretos da vida, é que há um fim. A abertura no final da fenda, a maçaneta da porta, e uma vez lá, para sempre lá. Além disso, o incompreensível são nossos sentimentos, nossos pensamentos, as palavras escritas e as palavras ditas. Discursos sem fim, desinteressantes e abolidos - pelo menos - da minha cabeça.

Nenhum comentário:

Postar um comentário