9.12.12

Luz opaca

As imagens e os sons em alta definição não me atraem. gosto do som de vinil riscado. do silêncio no chiado do toca-discos. das canções que tocam os erros. sou mais as páginas amassadas de um livro bem explorado, do que as páginas novas de um livro nunca aberto. gosto de não saber explicar. apesar das palavras serem mais claras que os sentimentos, prefiro me encher de sentir a me encher de falar. a clareza das palavras esconde muito sobre mim. a clareza do espelho é tão vazia quanto meu reflexo na tv. a vida é tão incerta e bela quanto um desenho que se desmancha no vidro embaçado. o vidro limpo e transparente da vitrine não me atrai. prefiro a chuva na janela.  a sombra do futuro contra a luz do sol. caminho na direção contrária à estrada que leva à perfeição. perdido eu se aonde ir. sigo à procura do passo adiante - o passo incerto, torto e imperfeito -. a luz atravessa o vidro opaco. as incertezas tocam nas canções. meus desejos moram em páginas de livros. que alvorecem os sonhos no escuro do meu próprio universo. sozinho, com tudo isso que me faz gostar tanto, caminho a esmo. por entre os longos caminhos incertos que me levam ao si-mesmo. prefiro caminhar assim, sozinho, do que viver imóvel à espera de alguém que me leve.
-Desconhecido

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