9.7.12

Roxo como rosa

Beijar sem amor não é tão simples. É verdade. Eu sei porque tentei várias vezes depois de você. Saia pra tentar me livrar das pequenas coisas que faziam com que sua imagem aparecesse a minha memória, então eu beijava um outro alguém. Um desconhecido, um conhecido, um amigo, um amante; mas nunca um amor. Você é, ou era o meu amor. Foi você a onda que fez as minhas muralhas desmoronarem e encharcou meu coração.
Porém algumas das razões não ditas, ou das palavras não reveladas, lhe afastaram de mim. Meu vestido floral foi aposentado no guarda-roupa e os sapatos deixados aos pés da escadas, mas precisamente no terceiro degrau. Não muito longe que eu não consiga alcançar, ou muito perto para quando você voltar os calçar.
Meu coração fechado pra ver o quanto ainda vale, ou se ainda vale alguma coisa. Meu celular desligado para lhe obrigar a vir me ver caso queira falar comigo. Meu corpo guardado entre os lençóis e minha cabeça mergulhada em lembranças do passado. Meus olhos focados em seus mil e um sorrisos nas fotos.
Tento escrever algo no papel, mas nada me vem a cabeça. Tento arrumar palavras em meio a uma ligação, mas quando sua voz aparece, a minha some e desligo o telefone. Na minha janela espiritual a neblina, na janela real a um lindo sol me esperando para um novo dia. Porém não há novo dia sem você, sem seu amor. Na verdade, não há nada sem o seu amor. Nem mesmo eu.
Prendo o cabelo em um rabo e vou na cozinha. As rosas murcharam. Tentei cultivá-las o quanto pude. As suas últimas rosas. Elas secaram como as minhas lágrimas, como o seu amor. Suas pétalas se desmancharam como o meu pranto, sua cor vermelha foi tomada por um arroxeado, assim como os das minhas olheiras.
Suas rosas, minhas roupas, seu amor, minhas lágrimas e um último beijo, uma última ligação. Minha última paixão e razão. 
Apesar de todas as palavras ditas em uma única noite, de todas as promessas e passado jogados ao lixo; eu vou aprender a continuar. Vou arrumar um jeito de me levantar e tentar arrumar a minha vida. Começando pelos espaços vazios da minha mente, e pelas roupas do armário. E quem sabe, se em um outro dia, ou em uma nova vida, eu vou acabar amando um outro otário?
Rafaela Faria 

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