21.9.13

Robô Hollywood

Eu alimento a hipocrisia do sonho Hollywoodiano. Falo de beijos na chuva, telefonemas de madrugada, tardes de domingo e flores na porta. Do namorado dedicado, da menina tímida do canto da escada que olhava o líder do time de futebol, do cara mais gato da escola, da vilã da história. Construo um mundo, lhe transporto pro país das maravilhas.
Nunca digo sobre o ciúme doentio que mata o relacionamento, da dependência interpessoal que ele causa quando lhe quebra e deixa jogada em um canto, do esquecimento e do amor que se corrompe e vira ódio.
Eu minto, fantasio o fim do conto. Escondo todos os detalhes frios das relações, oculto o desejo que se reprime no peito, a vontade da dar uma surra na outra pessoa, o nó que sobe na garganta ao ver algumas atitudes, a dor que sufoca todas as noites enquanto assistimos o filme americano que nós coloca uma imagem do que seria perfeito e do que amor.
Eu sou a pessoa que quer lhe prender a mesma ideia, mesmo sem ser por crueldade. Sou uma boneca de plástico, um robô. Só amo na mesma medida que recebo amor. O eco da caverna, só retribuo o grito. Eu quero o poder e o controle, a força. Mesmo que você nunca venha a me amar, mesmo que ambos venhamos a perder esse jogo, mesmo que você erre e destrua o final. Eu sempre terei a mesma promessa nos lábios, "não preciso de um homem, mas mesmo assim não quero que você vá embora".
Vomito um começo de amigos que viram namorados, quebro sua barreira e tapo seus olhos pra toda ilusão enquanto sussurro tudo o que você quer ouvir. Da garota que escapa do passado, que supera e humilha o ex-namorado.
Estou feliz. Escrevendo disso me coloco na ativa. Detono um bilhão de corações de pessoas boas com os caminhos que o amor pode trazer, causando uma confusão na linha ténue que existe entre paixão e raiva. Sou uma destruidora de corações e lares, sou o fantasma do cupido que acerta a flecha errada, sou a canção que diz que eu não pertenço a ninguém.
Rafaela Faria

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