2.12.14

Santidade

Minha estrada é mentiras, eu não posso oferecer mais que minha falsidade ideológica. Não sou mais que a notícia ruim, uma cadela sarnenta. Um ser infectado que não pode dar nada além de uma bagunça emocional.
Um humor tão podre quando uma rosa murcha numa manhã de julho. Um coração tão seco que até o deserto inveja. Uma veia pulsante; não por sangue, o veneno percorrendo o corpo.
Doente, em fuga. Maldade exalando pelos poros, fidelidade pessoal como absoluto. Uma atriz: dissimulada e articulada. 
Consumida dentro de si mesma, fugindo de um exorcismo. Correndo as ruas como uma peste. Dissipando-se como quarentena. Vomitando a verdade, procurando perdão pelos pecados. Afinal, Deus criou um ser ou um monstro? 
Tão impiedosa com os outros, tão bondosa consigo mesma. Um ego do tamanho da galáxia, compaixão do tamanho de um grão de areia.
Uma reza ao contrário, um beijo amargo. Tão afiada quanto uma faca, rasgando a alma de quem chegar perto. Ela é uma mulher ou um demônio? Até Lilith a admira. Está louca de paixão, percorrendo universos pra encontrar tão abominável criatura pra ser reeducada.
Como se igualar a alguém tão desprezível? Alguém que mil diabos querem compartilhar a companhia, que nasceu num berço banhado a melancolia.
Latindo na sua porta, querendo ser sua amargura. Pedindo o que mais se quer de outro ser. Não uma alma, não dinheiro e muito menos pena. Clamando por amor, orando o pai nosso sem querer precisar confessar os pecados. Implorando por uma vida, revogando a própria inocência. Pegando o que é seu por direito.
Amém.
Rafaela Faria

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