Eu consigo ouvir cada átomo meu chamando o nome dele e implorando que seu corpo encoste no meu. Cada célula minha pedindo mais, toda minha energia focada e viciada em só uma coisa. Como se ele fosse o manjar dos anjos e o veneno do demônio. O meu único problema e minha melhor solução, quem desperta o bom e o ruim da minha alma.
O que existe de tóxico na minha vida, minha luxúria suprema. Minha obsessão persistente. Um grande estrago e uma obra prima, meu doce amor e mais complicado dos anagramas. À quem dedico o meu fracasso e o meu sucesso. Aquele que meus olhos protestam pelo direto de ver, aquele que quando se aproxima todo o meu corpo entra em chamas.
O meu vício: mais perigoso que cocaína colombiana, mais mortal que heroína afegã.
Eu sou sua vítima. Presa ao seu charme, seu cheiro e seu toque. Intoxicada pelo seu jeito, suas manias e seu gosto. A única pessoa que fumo para morrer de overdose como uma puta cubana. Te inspirando, expirando e caindo inconsciente, desnorteada. Em completo delírio, suando frio e com a boca seca.
Ele é meu inferno e meu paraíso astral, sempre o esperando como quem deseja atingir o maná e o nirvana. À ele meus suspiros, poemas e orações. Meus beijos, abraços e dramas.
Devota a ele como os católicos adoram suas santas; e, falando nisso, seus braços são os caminhos que levam a Roma. Que, em minha humilde opinião, é sua cama.
Aquela que o venera e se oferece para arrebate pelas suas mãos, para sentir o gozo de sua salvação que me condena ao eterno carma de seguir seus passos e obedecer sua voz sempre que você chama.
Porque ele é ar, terra e água. Está em cada canto que eu olho, em cada sopro de energia que rege o meu universo. Ele corre em cada artéria do meu corpo, todos os s cantos que me mantém viva. Se escondendo embaixo da minha pele, se infiltrando e se apoderando de tudo em mim.
Ele, o componente principal da composição da minha alma. A única coisa que me traz de volta a calma, que me faz continuar santa.
Uma santa depravada, uma puta virgem. Uma louca.
Rafaela Faria
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