15.11.16

Eu sou romântica

15 de novembro de 2016
Beijo em Hollywood: Lauren Bacall e Humphrey Bogart, "To Have And Have Not" (Uma aventura na Martinica), filme de 1944 de Howard Hawks. Veja também: http://semioticas1.blogspot.com.br/2011/09/pandora.html:
"O menos que eu te vejo é o mais que eu te quero", constatei admirando o teto do meu quarto e pensando quando estaria tudo bem de novo. Se bem que nós nem ficamos de mal pra termos que fazer as pazes. É que a nossa história soa um tanto confusa na minha cabeça e as pessoas não podem saber que eu estou mantendo esperanças com seu nome escrito e tentando atravessar paredes que eu não sei como ultrapassar. E você está dando seu melhor pra me evitar, porque é mais fácil segurar seu orgulho que me abraçar no meu disso tudo. Então eu escolho ficar em silêncio, quando o que eu preciso te perguntar se isso está corroendo você como faz comigo.
Espere, eu estou começando a ficar fora da linha e a colocar palavras demais aqui e eu não quero isso. Minha necessidade maior é soar como a romântica que eu sou. Porém, eu não sou nem um pouco cheia de flores que uma hora vão murchar e chocolates que podem amargar; sou o ato.
Sou a volta a fevereiro e fazer a escolha certa. Sou sua pele clara e sorriso gentil, talvez também a madrugada em que você conversou comigo até amanhecer porque eu tive um pesadelo. Sou a franja mal cortada e o casaco pendurado na bolsa, metade chocolate ao leite e balas pegajosas. Eu sou beijos na sala de cinema e risadas de seriado. Sou a comemoração de passar no vestibular e a ex-amiga íntima de um dos seus colegas de boteco. Eu sou falar besteiras deitada na cama e segurar suas mãos fortes. Sou ouvir os comentários maldosos do meu pai sobre quem tem tatuagens, o espaço entre seus dentes mesmo depois de anos de aparelho, sou comentários inconvenientes sobre a vida sentada em um balcão da cozinha.
Mas precisamos dar um tempo ao tempo, certo? Não sabemos ainda, não devemos saber ainda. Nem começamos a acreditar que o amor pode ser uma coisa que funciona e que dura anos. 
Você ainda não está pronto pra encarar uma briga no meio da noite porque eu não sei mais o que fazer com a minha vida e não posso deixar que você perceba que eu perdi o rumo e estou tentando nos afastar. Eu ainda não estou pronta pra deixar essa cidade pequena e minha família só de mãos dadas com você sem me preocupar com as contas que teremos que pagar. Ainda somos os filhos irresponsáveis de pessoas que precisam arrumar uma maneira de vermos que a vida não é um mar de rosas sempre. Ainda somos o sonhos frustrados da geração: a facilidade em conseguir tudo.
Mas fora desse quarto nada importa, fora desse quarto a vida não tem mais sentido. Por isso, fica mais um pouco. Deita comigo mais uma vez e cantamos letras de bandas indie que ninguém deveria conhecer além de nós dois. Fica juntinho mais uma vez e faremos planos impossíveis, fica e a gente comenta sobre a posição das estrelas e criamos constelações. Se debruça nos meus braços e sussurra alguma coisa boa, se debruça na minha vida e muda o conceito de romance. Se aconchega em meu peito inquieto e ansioso até o dia clarear, se aconchega na minha história e se desarme.
Rafaela Faria

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