Inconstante. Um pedaço do paraíso, uma pontinha do céu. Uma criança que cresceu, um adulto que não soube ser criança. Uma gota de orvalho no início da manhã e um raio de sol do crepúsculo. Uma pequena fresta de felicidade, um doce sopro de alegria. Uma menina e uma mulher em um único dia.
Sonho, sorriso, sorvete, música e poesia. "Eu te amo" reprimido e "eu preciso de você" escondido. A vida interrompida no meio de uma fase e resumida numa só frase. "Eu te quero" destruído e "eu desejo" esquecido. Tudo num só mês, tudo isso num curto intervalo de tempo de uma semana. Começou em uma quarta-feira e na outra já tinha terminado. Amor de final de semana, amor de passatempo.
Amor como o nosso não existe e nem devia existir. O amor que só idealiza o nós e nunca o cuida de mim que eu cuido de você. O amor que eu criei pra gente só existia enquanto você me prometia coisas e tentava me fazer acreditar nelas.
Não acreditei em nada. Você também não fez nada.
Você me deixou, foi atrás de um outro alguém. Não tão inconstante, não tão inconsequente sentimentalmente. Um alguém que fique do seu lado só pra dizer que te ama, porque eu não sou fã de um "eu te amo". Na verdade, eu não sou fã de nenhuma frase assim. Sou mais um olho no olho, boca na boca. Estou muito mais disposta a entrar em sintonia do que me fazer de sinfonia. Gosto de brincar de "bem-me-quer e mal-me-quer", mas você mudou o jogo. Formou um "talvez-te-amo e talvez-nem-ame".
Não deixou saudade. Não sinto falta de nada que não vai sentir a minha. Quer dizer, você pode até sentir a minha, mas me fez substituível. Contente-se com o seu projeto não-tão-perfeito de mim.
Ela não vai rir escandalosamente, ela não vai desafinar enquanto canta (até porque ela não vai nem tentar cantar), ela não vai deixar você bagunçar os cabelos dela que sempre estão perfeitamente alinhados por causa da chapinha, ela não vai dançar loucamente até o dia raiar e depois cair nos seus braços. Não, ela não vai. Ela não sou eu, eu não sou ela. Não somos nada que você não possa aprender a substituir com o seu joguinho de sedução.
Mas eu não costumo ficar presa. Eu não me deixo ser trancada por qualquer coisa ou qualquer situação. Eu desapego, eu deixo que o tempo cure e traga algo melhor. Eu deixo que ele me dê todos os risos reservados e vitórias aguardadas.
Seja feliz, amorzinho sem amor. Seja doce o seu veneno enquanto você durar, que seja alegre a sua ausência que nunca me fará diferença.
Rafaela Faria
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