2.2.15

Aos perdedores

Photo I shot in Mallorca for the Canadian actress Julie Johnson. violeta minnick photography
Eu li alguma vez, em algum lugar, que somos todos a soma daquilo que fazem de nós. Em partes eu concordo, em outras tudo o que eu faço é dúvidas. Quero acreditar que somos mais fortes para superar aquilo que mexeu conosco e outras eu somente coloco toda a minha fé em quem escreveu isso. Pensar que quando saímos do chão não mudamos um átomo do que somos, que conseguimos passar pela vida sem que nada nos toque tão bem quando a música ou a leveza do vento.
Então eu lembro das vezes que eu tentei ser maior e dar a outra face, do quanto eu tentei ser segura e isso não me levou a nada. Vem a minha memória quando eu fui fraca e não me ergui, aí veio alguém e me ensinou a como fazê-lo. Enfraquecer nem sempre é sinal de perda, quem mais ganha geralmente é aquele que foi nocauteado. O que vai sentir falta da respiração do outro, do gosto dos sorrisos, do som da risada; mas fica na memória que não foi esquecido nada.
O perdedor geralmente faz de tudo. Arruma mil jeitos de pertencer aonde quer chegar, de se acomodar no coração de um outro. Ele não faz vista grossa e não é comodista. Os perdedores são geralmente alguém que tentou mudar alguma situação pra ficar mais a favor de si mesmo e nem sempre soube lidar com ela.
O vencedor é aquela pessoa quieta, que viu rios passarem na sua frente. Não em todos os casos, mas já vi muitos vencedores desse tipo. Só que sempre estamos ligados ao vencedor, ele é aquela pessoa que dá umas cócegas na barriga que nos levam pra uma outra atmosfera. Uma coisa que, se você parar pra perceber, sempre parece valer a pena. E vale a pena.
Eu sou totalmente a favor de parecer idiota, de libertar os sentimentos, de abraçar com força. Proteger para que a pessoa nunca precise ir embora. Acho que todos querem isso, alguém pra se agarrar com tanto vigor que a pessoa nunca sinta necessidade de outros mundos e novos planos.
Queremos ser bússola, mas acabamos sendo mais uma placa de indicação. E indicar sempre é bom, ajuda a se descobrir. Se você fizer-se de ninho, cuide do seu passarinho. Se for prisão, cria espaço pra solidão.
Rafaela Faria

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